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Segmento de Energia Solar no Mercado Indiano - Por Bruno Campos

Sumário

  1. Introdução

  2. Panorama geral

  3. Sobre a Índia

  4. Crescente Protagonismo da Índia no Setor Energético

  5. Principais players

  6. Fabricantes indianos de painéis solares

  7. Referências



Introdução


Esta pesquisa de mercado tem como objetivo primário avaliar as condições gerais do mercado indiano, compreendendo seu crescente protagonismo no comércio internacional e potencialidades no desenvolvimento de tecnologias e investimentos voltados para a geração de energia renovável. Dito isso, apresentados os esforços dos players do mercado energético indiano em favorecer investimentos e expansão de parcerias - como apontam as crescentes exportações do país – será realizada uma exposição dos atuais avanços do setor energético – em especial as condições de geração de energia solar.


Neste âmbito, este documento apresentará as características que mais se destacam no segmento de energia solar da Índia, a fim de facilitar, para a empresa brasileira, a avaliação das forças e oportunidades de se importar painéis solares do país asiático. Por se tratar de um primeiro contato com o mercado indiano de energia renovável e suas particularidades, a exposição de suas potencialidades e elementos facilitadores será de extrema relevância para compreender como o empresariado indiano compreende os interessados compradores brasileiros.


Para auxiliar na escolha do melhor produto que atenda às demandas da empresa, foram apresentadas algumas modalidades mais utilizadas de painéis solares, além dos principais players do segmento.


Para a realização desta apresentação do mercado energético indiano, foram utilizadas fontes de relatórios, cartilhas e anúncios do Ministério de Energias e Novas e Renováveis (Ministry of New and Renewable Energy), além de outras referências do IEA, Invest India, National Institute of Solar Energy, Solar Energy Corporation of India, Mercom Índia, entre outras.


Panorama geral

Sobre a Índia

A República da Índia é um país localizado no sudoeste asiático, região classificada de Ásia Meridional. Com uma expansão territorial ampla, aproximadamente 3.287.590 km² de área total, o país tem um facilitador quando se trata de acesso ao mar. Ao possuir cerca de 7.516 km de costa voltada para o Oceano Índico, o país é localizado em uma das maiores penínsulas do mundo, uma vantagem que contribui para o desenvolvimento de fluxos comerciais internacionais em seus principais portos.


A Índia, portanto, está localizada em intermédio das principais rotas de comércio entre os continentes asiático e europeu, e analistas geopolíticos entendem que sua posição é de caráter geo-estratégico, o qual permite o aproveitamento de várias potencialidades.


Fonte: Geology.com

Além disso, a Índia é o 2º país mais populoso do mundo, estimado (no censo de 2019) pelo Banco Mundial com 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. Por esta razão, o país possui um trunfo gigantesco - sua quantidade de empresários e consumidores, e a construção de novas tecnologias. Com cada vez mais a população ao centro das atividades econômicas, o país é destaque em atrair o interesse do empresariado voltado para o setor tecnológico e de pesquisa e desenvolvimento (P&D).


Desde a agricultura - com o advento de novas tecnologias de plantio e distribuição de alimentos -, até o aprimoramento do setor de serviços, a Índia é um país que se reinventou em termos de oportunidade para investimentos tanto domésticos quanto internacionais.


Com isso em mente, o PIB da Índia se situa em constante crescimento nos últimos anos. Em 2019, o valor atingiu o valor de US$2,869 bilhões, fato aliado à uma taxa de crescimento de 4.1% em relação ao ano anterior. O valor das exportações, avaliados nos últimos anos, também apresentam valores positivos, com uma alta que chega a 491% em 2019 em relação ao ano base de 2000, segundo dados da UNCTAD.


Quando se avaliam as condições do mercado indiano em exportações para o Brasil, os dados fornecidos apresentam uma alta de compra de produtos indianos por brasileiros. Entre os anos fiscais 2016-17 e 2019-20, as exportações indianas para o Brasil partiram de US $2,400 milhões para US $3,967 milhões - uma alta de 165% nestes últimos anos, segundo dados do Ministério do Comércio e da Indústria (Ministry of Commerce and Industry) do governo da Índia.


Crescente Protagonismo da Índia no Setor Energético

Segundo um artigo da Nueva Sociedad sobre a economia da Índia, este processo de crescimento da Índia como protagonista no comércio internacional foi consolidado principalmente nos anos 1990, momento em que houve um cenário favorável à implementação de políticas de liberalização comercial. Aliado à busca por novos acordos comerciais e nova participação nas instituições econômicas, a Índia se favoreceu do sucesso destas políticas para favorecer a desburocratização de suas trocas comerciais.


Nos últimos 20 anos, houve um movimento de facilitação da entrada de capital estrangeiro dentro da Índia, momento em que o país passou por importantes reformas estruturais aplicadas a um novo molde de mercado - criando um ambiente de mais aceitação às parcerias estrangeiras e ao desenvolvimento de seu mercado interno. A partir de 1991, uma série de mudanças realizadas consolidaram uma liberdade maior para a entrada dos “FDIs” - sigla para Investimento Estrangeiro Direto (IED) - em território indiano, fato este que contribuiu para a expansão de diversos setores da economia.


Fonte: Elaboração própria com base em dados do Invest India


Dados recentes comprovam que a abertura econômica facilitou a longo prazo investimentos voltados para diversas áreas estratégicas, como o desenvolvimento sustentável e o combate às mudanças climáticas. Atualmente, no segmento de energia renovável, independente se a rota do Investimento externo necessita da base de aprovação do governo, a participação do capital estrangeiro pode chegar até uma parcela total de 100% - segundo dados fornecidos pelo portal Invest India.


Segundo informações do Ministério de Comércio e Indústria da Índia, este comprometimento com a expansão de parcerias é observável através da política “FDI Consolidated Policy”, efetivada em outubro de 2020, a qual estrutura ainda mais a importância deste recurso financeiro para o fluxo da economia nacional. Dito isso, as políticas governamentais e a disposição das empresas do ramo ditaram um cenário de grande preocupação e planejamento de desenvolvimento sustentável e inclusão da participação estrangeira


Setor de Energia Renovável na Índia


Fonte: Elaboração própria do MNRE 2021 Report


Nos últimos anos, dados da IEA (International Energy Agency) apontam uma demanda energética crescente na Índia, elemento ilustrado pelo aumento populacional e maior acesso à rede elétrica para a população. Com isso em mente, a Índia implementou vários incentivos e metas setoriais para melhor lidar com o crescente déficit energético, e principalmente em focar na diversificação de novas fontes de energia. De acordo com o relatório de 2021 do MNRE da Índia, o país também inclui nas suas metas a diminuição da dependência de importações de insumos energéticos, esta que leva à projeção de um mercado mais interessante aos seus fabricantes e distribuidores domésticos.


Em Julho de 2018, a fim de incentivar a produção doméstica dos componentes dos painéis solares, o governo aplicou uma taxa de salvaguarda à insumos advindos de determinados países estrangeiros. Atualmente, em 2021, essa taxa foi reavaliada e está em 14.5%. O cenário atual, além de ocasionar uma nova procura por fornecedores, está levando os fabricantes indianos a olharem para novos mercados solares inexplorados em todo mundo à procura de novas receitas - entre eles, o brasileiro.


De acordo com o Ministério do Comércio e Indústria do governo indiano, as exportações de equipamentos de energia solar dispararam nos últimos 4 anos. Entre os anos fiscais de 2017-18 e 2018-19, os valores (em milhões de dólares) passaram de US$121.08 para US$212.69. Em termos de volume exportado, houve um aumento de quase 175%.


A Índia é classificada como a 4º maior capacidade de energia renovável do mundo, e a 5º maior capacidade instalada de energia solar. Identificada essa relevância em distribuição energética, a Índia possui a meta de instalar e gerar 175 GW (Gigawatts) de capacidade apenas em energias renováveis até 2022. Segundo dados recém publicados do último ano fiscal do MNRE, já foi atingido a meta de 92.54 GW - uma expansão de quase 2.5x vezes em relação à 2014.



Fonte: Elaboração própria com base em dados do Ministry of Commerce and Industry


Em complementação, o relatório de 2021 do MNRE tem uma meta ainda mais ambiciosa, buscando atingir 450 GW de capacidade energética renovável até 2030.


No que tange à geração de energia solar, a capacidade instalada em 2021 já chega aos níveis de 37.46 GW. Estruturalmente, o segmento de solar do país acaba importando uma parcela dos insumos de produção de painéis solares, com a China respondendo por quase 80% de módulos e células solares usados ​​no país.


Atualmente no território, há pelo menos uma cidade solar em cada unidade administrativa do país, ou seja, regiões do país em que há uma redução de geração de energia tradicional, e uma expansão projetada de energia renovável. Nestas mais de 30 cidades solares registradas pelo governo, há exemplos de comunidades indianas com acesso à 100% de energia solar.


Dito isso, a Índia está entre os países que mais geram energia solar no mundo, e ainda se encontra entre os 10 maiores produtores de módulos de painéis solares. Neste sentido, além de diversos incentivos para a produção e distribuição doméstica, bem claros nas políticas de incentivos fiscais do governo previamente descritas, as empresas indianas de manufatura de painéis solares possuem relevantes projetos de expandir seus negócios para fora do país.


De acordo com a Associação de Manufatureiros de Energia Solar do país, há uma necessidade do país de encontrar novos incentivos para o controle e expansão da fabricação doméstica de componentes dos painéis solares para a geração de energia, desde a manufatura de cristais de silício até a própria confecção dos módulos definitivos dos painéis.



Sobre a disponibilidade dos modelos de painéis solares comercializados, destacam-se na Índia:

  • Módulos Monocristalinos

  • Módulos Policristalinos

  • Módulos de Filme Fino

De acordo com as recentes comercializações, o modelo mono cristalino é o mais fabricado e comercializado por players indianos, desde o uso doméstico desta tecnologia até o uso de grandes áreas de fazendas solares. Essa preferência no mercado é apontada pelo alto nível de eficiência, durabilidade e economia de espaço do modelo em questão.


Por fim, uma boa oportunidade a ser aproveitada no ano de 2021, a fim de conhecer mais os profissionais e responsáveis pelo constante movimento e potencial do segmento energético, será a realização da “Renewable Energy India Expo” entre os dias 15 e 17 de Setembro de 2021.


Principais players

Com o objetivo de expandir a capacidade de manufatura de painéis solares, vários players são essenciais para incentivar negócios mais eficientes no setor energético:

  • Ministry of New & Renewable Energy (MNRE)

  • Ministry of Commerce and Industry (MCI)

  • National Institute of Solar Energy (NISE)

  • Solar Energy Corporation of India (SECI)

  • Solar Power Developers Association (SPDA)

  • India Energy Storage Alliance (IESA)



Referências



















Sobre o autor:





Bruno Campos

Graduando em Relações Internacionais

Universidade Federal de Uberlândia (UFU)


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